(Harley Quinn) Arlequina passo a passo

(Harley Quinn) Arlequina passo a passo Hoje vou mostrar o meu processo de desenhação (…) de um desenho específico. Eu disse desenho específico porque não sou daqueles desenhistas espontâneos que desenham qualquer coisa quando dá na telha (e geralmente só com lápis e papel) e o resultado é de humilhar o tiozão aqui com as tintas Talens e duas dúzias de curvas francesas…

Para começar, depois de decidido que você quer desenhar, precisamos saber o que desenhar (desenhistas espontâneos pulem esta parte ¬¬).  No meu caso, eu quero desenhar um post comemorando os 5000 acessos ao meu espaço no deviantArt₢.

Não é importante, mas como eu sou muito esquecido das coisas, eu escrevo um bilhete num papel qualquer pra me lembrar de fazer o desenho. (Aliás, procuro fazer isso com qualquer boa idéia que eu tenho… bom, mas quase sempre não tenho papel e caneta a mão, e daí a idéia já era!)

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Vocês não precisam fazer isso, mas no meu caso, se eu não escrevo algo assim, costumo me esquecer de fazer o desenho, e quando me dou por conta, já passou um mês.

Rabiscar a idéia

Depois disso, num dia mais tranquilo, eu rabisco a miniatura do desenho que eu quero fazer (miniatura mesmo, algo 6cm por 8 cm no máximo), o resultado, no caso, foi o seguinte:

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Vejam bem, na idéia do primeiro dia eu queria juntar Furry com Pé (podolatria) com Arlequina (são as três tags que mais me deram cliques no deviantArt). Descartei juntar Furry com Arlequina. Se a idéia original não te parece boa, mudem!

Ali ainda botei “equilíbrio da composição”. Isso é frescura minha, de me lembrar de fazer um “desenho equilibrado” e tals. Não é importante, faz parte da minha filosofia no desenhar, ignorem.

Rascunho rascunho

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Então, agora que sei o que eu quero desenhar, passo para a folha definitiva. Faço o esboção a lápis e observo se vai ser assim mesmo que eu quero. O bom observador vai notar que mudei de novo de idéia (posição dos pés). Pois é, achei muito forçada a pose dela mostrando as solas do pés (a menos que ela tivesse secando as unhas dos pés, mas não quero esse background para a cena). Ainda assim, não tá boa a pose…

Esboço final

Agora sim, a solução foi cruzar as pernas:

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Só agora está pronta pro lápis definitivo! (Viram agora do porque eu demoro tanto pra desenhar uma commissioned!)

Partindo daquele esboço que chamei de “final”, faço o lápis definitivo. Vou pegar um papel melhorzinho (gramatura 120 g/m², pelo menos), mesa de luz (no caso, a janela), lápis, borracha, fitas adesivas e meu talento, e o resultado é o seguinte:

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Não considerem "Desenho Final" como o definitivo.

Agora vamos tacar tinta!

Inking

Tudo que eu vou precisar está aqui:

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Canetas descartáveis, lapiseira, borrachas, limpatipo e marcador.

Canetas Unipin, uma caneta marcadora (vulgo pincel atômico),  lapiseira 0.5 grafite HB, borracha plástica branca comum, limpatipo e caneta borracha.  Coloquei tudo em cima do desenho. Aquela régua na parte superior da foto tem exatamente 20cm, caso o leitor tenha alguma dúvida.

Começando do início

Comece sempre pelo início, siga até o fim, daí pare. Olhem só daonde comecei:

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Eu sigo meu coração ao iniciar uma artefinalização.

Existe uma sequência de normas que orientam o artefinalista a fazer seu trabalho. Mas isso é assunto dos livros e cursos, e não é meu objetivo neste blog mostrar como se faz, e sim mostrar como eu faço.

E então vou indo:

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Depois dos pés, os olhos, boca e alguns detalhes da roupa.

Mas por que escolhi começar pelos pés?

Eu gosto de fazer partes com detalhezinhos primeiro. Adquiri esse hábito quando na finalização de páginas em prazos apertadinhos…   porque finalizar aqueles frisos da parede daquela cúpula de basílica de arquitetura rococó quando já estou 12 horas direto na mesa e está 7 da manhã é angustiante…

Por hoje era isso (!). O editor do WordPress também não tá me ajudando… mas não fiquem triste, voltaremos com a continuação!

Absolute tip: Penciler X Inker
Dizem que “o artefinalista é o cara que só passa (nanquim) por cima (do desenho do desenhista)”. Ora, todo artefinalista possui “níveis” (=tem treinamento) de desenhista. Observem a figura abaixo que fica mais fácil chegar onde quero:

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Alteração sobre o original!!!

O pé desenhado originalmente tá “errado”! Se não tá “errado”, tá estranho, sei lá, talvez a perspectiva tá difícil de engulir… enfim, algumas vezes o artefinalista(inker) depara com conflitos assim. O bom senso diz que, na dúvida, o desenhista(penciler) tá certo. Então segue o baile. Mas se tiverem tempo de sobra(penciler e inker), podem discutir isso. Artefinalistas, NUNCA alterem o original sem o consentimento do desenhista!!! Mesmo que “passar por cima” resulte em algum erro de continuidade, consulte sempre o seu desenhista!

Ainda tô sem scanner, por isso, vou de fotografia mesmo.

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Tracei a Harley. :P

Até o desenho acima não tenho muita explicação a dar. Apenas reforcei o traço do lápis com tinta. Esse negócio de pesar um que outro traço é mais pro final, mas engrossei um pouco em alguns locais pra não me esquecer depois.

Notem que ali no seio que fica na área preta, já coloquei uma lua minguante prevendo uma linha branca. Tem gente que prefere trabalhar com tinta branca sobre o preto para fazer esse efeito, até eu faço muito isso, mas pela falta desse tipo de tinta, optei por deixar a área em branco. AH, o porquê dessa área? Pra mostrar que ela tem seio ali. Se daria pra chapar tudo (tacar uma área de preto tapando tudo)? Sim, dava, mas do jeito como eu executei o desenho, eu tinha que mostrar que ela tinha um seio ali. Por que? Porque eu quis, é o meu estilo.

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Com este acidente, esse desenho, pra mim, já era.

O artefinalista precisa estar muito atento ao seu trabalho. Eu estava fazendo as linhas de drapeamento da roupa dela na região do abdômen (as dobras da roupa), quando simplesmente as tratei como se fossem áreas de preto – se lembram, que nem na lua minguante que citei em cima. OK, isso foi um erro. Resolvi enfraquecer o traço da tinta com borracha (para preparar o uso posterior do corretivo branco). Erro fatal, tela azul. Tava distraído – escutando um jogaço de futebol – quando exagerei no uso da borracha, e o papel, que não era novo (adormecido desde abril), cedeu.

Isso acontece. Não vou remendar o desenho nem no papel, nem digitalmente. Paciência. Vou resetar tudo e voltar pro zero, voltar para o estado que o desenhista (no caso, eu mesmo) me entregou o desenho:

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"Desenho Final" a lápis. Bom que guardei o arquivo.

Imprimi fraquinho o arquivo do desenho final a lápis, passando rapidinho tinta nele até voltar a um estado bem semelhante ao da primeira foto desta postagem.

Moral da história: Destruir um desenho NÃO é o fim. Mas recomeçar do zero foi opção minha. Dava pra fazer tal do retalho que citei ali. Se bem feito e bem encaixado, fica aceitável,  se o retalho for o digital, então, nem dá pra se notar.

 

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Toda hachuradinha

Depois de passar por cima das bordas, começo a preencher as áreas de preto. As áreas drapeadas do torso já falei no post anterior, por isso não falo mais nelas ¬¬

As áreas de conflito (área limítrofe que fica entre o objeto, no caso, a Arlequina, e o fundo, no caso, fundo infinito) merecem tratamento especial. Hachurei toda área limítrofe pra dar mais textura ao tecido. De novo, eu poderia ter chapado tudo.

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Bracinho hachuradinho

Mesma coisa no braço.

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Balde de tinta

Agora é só preencher os espaços pretos. Muita atenção nesta hora! O artefinalista distraído pode acabar pintando coisas a mais por ser uma parte do processo de arte final onde não é necessário muito processamento cerebral.

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De novo, muito cuidado

É um processo bem automático. Normalmente é feito no final do dia de trabalho por conta do artefinalista, tradicionalmente, ter que aguardar a tinta secar antes de poder voltar a debruçar sobre o desenho e realizar os retoques finais. Mas, de novo, por ser um trabalho onde o cérebro não é muito exigido (somado ao fato de ser geralmente executado quando o artista já está esgotado) é onde ocorrem os acidentes mais assustadores no processo. Por isso, tomem cuidado.

Hoje em dia, com o surgimento de tecnologias informatizadas de arte digital(…), um simples “Balde de Tinta” resolve o problema.

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Uso efetivo de caneta marcadora

Então, usando uma caneta marcadora, ora a de ponta grossa, ora aquela de escrever em CD, preencho as áreas com cuidado.

E o resultado final é este:

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Scaneada ficaria melhor...

Não tive a oportunidade de digitalizar apropriadamente (com um scanner)  o desenho artefinalizado.

Lamentável. Mas como eu disse anteriormente, o show vai continuar, mesmo sem scanner.

Falando em Show:

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Arlequina pintada com lápis de cor

Cor, definitivamente, não é comigo, por isso nem me perguntem sobre isso. Pintei com lápis de cor por não ter a imagem escaneada, o que me inviabilizou um pré tratamento digital para colorização no computador.  Mas pra ilustração do meu blog ficou bom.

Muito obrigado, pessoal!!! E, nunca esqueçam de desenhar com paixão!!!

3 comentários:

  1. Muito Bom obrigado por disponibilizar essas informações, estas ajudam e muito nós que estamos começando a aprender essa arte maravilhosa

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