A Renascença e o Humanismo

holbeinmore-234x300 No século XV, afirma-se o movimento humanista iniciado por Petrarca e Boccaccio, que se em princípio foi exterior e filológico, logo afetaria todos os âmbitos da vida, desdobrando-se em efeitos complexos.

 

 

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Andrea di Bartolo di Bargilla. Francesco Petrarca. Galleria degli Uffizi, Florença, Itália.

De acordo com a etimologia, humanismo deriva do adjetivo latino humanus, humano, relativo ao homem; que tem cultura de espírito, instruído, estudioso de humanidades.

A palavra humanista foi empregada na Itália, nos fins do século XV para descrever o professor de humanidades (gramática, retórica e estilo, a literatura mesma, a filosofia moral e a história – ensinada através de exemplos), isto é, daquelas matérias que constituíam o conteúdo do programa educativo formulado por florentinos. Nicolau V, tornara-se um humanista, em sua permanência em Florença, quando exauriu seus recursos adquirindo livros e mais livros.

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Papa Nicolau V.
Como Papa, cercou-se de personalidades como Guarino de Verona, Niccolo Perotti, Poggio, Lorenzo Valla e Vespasiano da Bisticci que colocaram em prática seu ideal de educação. O meio de instrução e o meio de expressão que era o latim, foi substituído pelo italiano.
Representantes de Nicolau V obtiveram manuscritos latinos e gregos em Atenas, Constantinopla, entre outros centros de cultura.
Trouxe para o Vaticano revisores e copistas, independente de serem cristãos ou pagãos.

Enquanto movimento intelectual e literário, o humanismo pode ser definido como um conjunto de tendências (de caráter filosófico e, mais particularmente, filológico¹) que, durante o Renascimento, se orientaram no sentido de reviver e imitar os modelos artísticos, literários e científicos da Antiguidade greco-latina, considerada como exemplo de afirmação da independência do espírito humano. Sendo também uma descoberta do homem quanto homem.

Chamamos humanistas aos eruditos do Renascimento, sobremaneira àqueles que dedicaram sua atenção à análise científica de fontes literárias, históricas e arqueológicas.
Suas obras, destinadas a outros intelectuais, tiveram uma preocupação pelos problemas morais que os levou ao terreno público. Alguns adotaram posições filosóficas, derivadas de fontes neoplatônicas, consideravam o homem o centro do universo, metade terreno e metade divino.
Corpo e alma formavam um micro-cosmos que permitia compreender e dominar a natureza e aspirar a compreensão de Deus.
Nasceu assim um conceito novo sobre o homem em oposição ao que havia inspirado a Idade Média. Para esta última, a pátria do cristianismo é o além; a terra não é mais que uma morada perigosa e transitória.

Segundo a doutrina de Pico de La Mirandola e Marsilio Ficino, a vida deixa de ser uma preparação para o além, o destino do homem cumpre-se aqui na terra: o homem é grande e livre e dele depende a sua própria essência.
Ao comprovarem que os gregos e os romanos ainda que pagãos, eram sábios e virtuosos, pensaram que por natureza o homem é bom e não corrompido pelo pecado original segundo ensinavam os teólogos. Ensinaram, pois, que se o homem é educado numa sociedade boa, se tem contato com os grandes espíritos do passado e do presente, conhecerá o bem e o mal, e poderá praticar o primeiro e evitar o segundo.
Por conseguinte, o homem esclarecido por sua razão, poderia gozar as alegrias que lhe proporciona este mundo, sem por isso por em perigo sua alma. Perante a Igreja, os humanistas colocaram o homem, o homem só, entregue às suas próprias forças.

Apesar de terem modificado os princípios morais de épocas anteriores, os humanistas continuaram acreditando, quase sem exceção, em um Criador, na divina missão de Cristo, na necessidade dos sacramentos e na organização eclesiástica.

Para os humanistas a curiosidade intelectual, longe de constituir uma culpa, é uma força criadora; assim nasce esse espírito critico que se opõe ao espírito de submissão próprio da Idade Média.

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Hans Holbein, o jovem. Thomas Morus.

O humanismo é, dentro do revolucionário mosaico renascentista, um nostálgico e sentimental retorno à cultura e às letras clássicas.

Humanistas famosos são entre outros Leonardo Bruni, Petrarca, Gianozzo Manetti, Lorenzo Valla, Marsilio Ficino, Erasmo de Roterdã, François Rabelais, Pico de La Mirandola e Thomas Morus.

¹ Filológico – que diz respeito ao estudo dos documentos escritos e da forma da
língua que eles dão a conhecer: conhecimento geral das línguas e das belas artes.

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